No dia do anúncio da morte do poeta da Paz -
Zarzuelas, nos esconsos becos - País das trevas.
Folguedos haviam - Hediondas, esquálidas figuras
Carrancas em físicos nodosos - Cornos de Satanás
Bocarras torcidas, esculpidas, toscas como pedras,
Dançavam, na morte do Poeta - Póstumas agruras!
Rodopiando em vertigens, com feios esgares.
Enquanto o poeta, jazia, em marmóreo pedestal,
Pendurado, crucificado, nas suas plúmbeas asas.
Em seus pés, todos os sonhos, e tantos azares
Abutres se soltam - Aguardando banquete final
Festim maquiavélico em redor de rubras brasas
Representação bem ao jeito das forças das trevas
Do obscurantismo e das menores coisas da vida,
Na voraz mesquinhez dos humanos interesses
Aplaudindo e glorificando o mal, sem reservas
Atropelando, espezinhando e rindo, logo à partida
Do Poeta, suas mensagens de amor - Quantas vezes?
Mas parai, gente danada, dos confins do inferno
Eis que surge nuvem branca, envolvente, dominadora.
Travando tal concerto, dos ratos tinhosos da hipocrisia
Senhores das gélidas verdades - Vento frio do inverno
Sem o sonho do poeta do Amor, da mensagem consoladora:
Tudo, quanto de bem, ele, almejava conseguir algum dia.
Então, num golpe de magia, o poeta tombado, se vira
Num esbelto e fogoso cavalo alado de alva brancura –
Erguendo-se, com a força do vento, num rompante
No seu escudo - A cruz da cultura e, também, uma lira.
Arma, como símbolo, junto ao peito, ele bem segura:
Bandeira com palavra POESIA – Em altiva pose dominante!
Hélder
Gonçalves
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