DICOTOMIAS

MEMÓRIAS, CONTOS E POESIA por Hélder Gonçalves

Musica de Fundo

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

COISAS DA VIDA

             






Naquela viela estreita - Gentios horrores
Um bafo quente de estranhos odores
Com nome esquisito - Rua das Atafonas
Tabernas esconsas, cheiros e sabores
Putas encostadas em porta carcomida
Gastas pelo tempo -  Escadas da má vida!
Vendem o corpo mal nutrido - Desajeitadas
De mamas caídas suportadas em trapos
Pernas ao léu, varizes azuis aos “esses” desenhadas
Pequenas saias - Mais parecendo farrapos
Desdentadas, desgrenhadas, ali plantadas, 
Sem tempo, chulos de perto - Mesmos pecados!
Ao lado, a taberna exala cheiros rançosos
De tantas iscas com “elas” ali passadas
Em molho grosso de frituras continuadas
Para aquela gente eram pitéus bem saborosos
Conversas estúpidas - Galhofas misturadas
Gritos histéricos, em alvares gargalhadas!
Juventude a quanto obrigas - Por ali passei!
Beijos balofos em nome do desejo suportei
Meus olhares, nesse tempo, não eram esquisitos
Para mim o importante era ter os requisitos
Como adolescente candidato a homem em ebulição
Sonhos noturnos com momentos de masturbação
Por uma puta bem gordinha me enamorei
De seu nome Rosa - Por ela, então, me apaixonei
Recebi favores, carinho e até amor dela granjeei
Por isso sempre pensei que ser puta – Meu Deus!
Nada mancha o coração - Amor igual ao dos Céus
Como Cristo a Madalena - A pedra não
atirei!




30 comentários:

  1. É palpável o seu sentimento de empatia ao
    descrever todo esse cenário caótico, despido
    aparentemente de toda ou qualquer esperança de
    felicidade, Sua descrição minuciosamente construída
    me levou a um realismo, cru e nu e confesso que
    apertou cá meu coração...

    Passo a passo, por entre essa Rua de nome tão exótico,
    fui caminhando feito sua sombra, observei os arranjos velhos
    de flores mortas a janela, cortinas puídas, tapetes
    encardidos a entradas das portas,luzes fracotas a
    tremeluzirem quase uma meia penumbra, ressaltando mais
    ainda a sordidez do local, e elas...

    Elas as meninas escondidas dentro daqueles corpos
    entregues a derrota do ganha pão tido como criminoso,
    as meninas com seus olhos assustados e tristes,
    com sorrisos embaciados na exaustão de esconder
    o sofrimento, da velhice que as tomaram de assalto,
    sem dó nem piedade e nem um espaço de que tivesse
    em dias futuros onde descasarem
    quando não mais pudessem se sustentarem.

    Realmente por mais que o mundo diga que somos nossas
    ações, por vezes somos muito mais do que apenas ações,
    as vezes por trás de uma mascara julgada e apedrejada,
    haja sempre um coração desejando dar amor com simplicidade
    e desvelo.

    Reler esse seu poema e me deixar levar pela sua magia poética
    sempre me emociona e me surpreende pela fluidez não só gramatical
    mas pela forma escorreita de assim o fazer.

    O requinte dos sentidos, a postura solidária, recheada
    de humanidade.

    Agradeço por esse momento sublime.

    Mil bisous, ILY

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  2. Bem Hajas Ronilda pelo eloquente comentário. Para mim a tua análise centra-se na memsagem do fenómeno social que o poema reflete. Parabéns querida

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  3. Olá Sr. Hélder, gostei muito de voltar a lê as poesias do Sr.Eu acho que todo mundo tem coração e sentimentos e que deveria ser respeitado para se viver bem nessa vida, pra mim tato faz ser rico,pobre, da alta sociedade ou não, são pessoas igual eu que lutam pela vida pra sobreviver do jeito que podem, tem gente que sofre calado seu quinhão, e não se pode julgar.Bem haja! O Sr. escreve coisas da vida com a veia do coração.
    Beijinhos
    https://sarasantanasena.blogspot.com

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  4. Um poema intenso a falar de uma realidade inquietante e cruel. Não atirar pedras é a lição maior…
    Gostei de ouvir Frank Sinatra.
    Uma boa semana.
    Beijo.

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  5. Olá Sr. Hélder,atrasada mas vim desejar ao Senhor um feliz fim de carnaval. Beijinhos!

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  6. Muito forte esse poema social, Poeta Hélder, acho que a pessoa não nasce puta ou viado ou seja o que for, acho que são as circunstancias da vida que coloca a pessoa na rua da amargura. Amei a parte que fala do perdão e de não julgar. Estou seguindo seu blog para acompanhar seus poemas. Abraços!!

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  7. Amor e perdão, sem preconceito, poesia de quem tem mente aberta e moderna.Adoramos seubog Hélder. Bjs, bjs

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  8. Gostei de chegar aqui-
    Escutar Sinatra e sentir as suas palavras.
    Neste nosso mundo, poucos são os que não atiram pedras...

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  9. Senhor Jesus eis que Estou aqui!!!!!Que uma gota do Seu Sangue Preciosissimo nos Lava e Nos Purifica de Todos os Males visíveis e invisíveis que Assolam o Mundo Inteiro!!!Amém!!🙏🙏🙏🙏🙏🙏🌹

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  10. 77A07
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    matadorbet
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