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| Imagem Google |
Hoje zanguei-me com o meu espelho! Estive mesmo
prestes a telefonar para os serviços camarários para o virem buscar à minha
porta. Isto, porque decidi ir a uma dessas lojas de fotografias rápidas, tipo
passe,por ocasião da renovação de um documento oficial de identificação.
Depois
de alguns minutos de espera, foi-me entregue, pela empregada, com um lindo
sorriso, um envelope. Assim que paguei o trabalho, abri-o de imediato.: e, eis
que susto – que tremenda desilusão: nem podia crer! Então não é que estava
perante um rosto flácido, mal encarado, enrugado e decadente? Estavam alí os
meus anos todos e, ainda, mais alguns. Senti-me enganado, sobretudo traído pelo
meu espelho, - porquê esta traição? Porquê tanto engano? Comecei a pensar
nisto, enquanto regressava a casa, para dar cumprimento à minha decisão, -
descartar-me dele! Porém, dei comigo, mais uma vez, a ver a imagem que ele me
devolvia para conferir com a fotografia, aquela miserável fotografia que tinha
,alí ,na minha mão. Então um filme começou a passar na minha cabeça – aqueles
dias em que estava completamente no charco e, olhando para ele, devolvia-me
imagens de um rosto decidido, confiante, fazendo-me apelos à minha auto-estima,
à coragem, transmitindo-me a ideia que nem tudo estava perdido – que valia a
pena prosseguir com dignidade e boa aparencia, que valia a pena ter amigos e
amigas, - fazendo-me sentir que este era o meu caminho certo. Também, quando,
em certos momentos, apagava as imagens
daqueles momentos menos bons da vida, aquele lado oculto que todos temos e que
não gostamos, que nos achamos feios, terrivelmente feios – dando-me a esperança
do meu próprio perdão, da minha paz interior. Então, pensei em frente do meu
espelho: porque deitá-lo fora se, ele, me devolveu a auto estima e até me fazia
sonhar e cantar como o poeta ...”que o sonho comanda a vida e sempre que o
homem sonha, o mundo pula e avança”
QUE SE LIXE A FOTOGRAFIA !
Hélder Gonçalves
Setembro 2011
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarDesde Narciso que estas questões são ponderadas pelos humanos. Aconteceu-me isto com um vídeo de 16 anos passados, numa festa familiar! Quem mo enviou escreveu: - Vejas se não temos razão de sentirmos saudades de nós mesmos!!! Sinto vontade de congelar-me no vídeo e fazer aquela foto para lembrar-me, sem falsa modéstia, bela, muito bela já fui.
ResponderEliminarHoje, procuro cultivar a beleza interior, o tempo não perdoa ninguém. Ai, espelhos de minha vida!!!! Ai, lembranças maravilhosas de tudo o que vivi e aprendi. Beijossss
Ótimo texto ..O negócio é ficar de bem com o espelho e não olhar as fotografias antigas...(rs)
ResponderEliminarAbraço, poeta de além mar
Um espetáculo de texto!!!!!
ResponderEliminarAfinal, o que é uma fotografia? Nada mais do que um reflexo de nossa roupagem externa.
Imagine se pudessem fotografar nossa alma, principalmente em momentos de alegria e amor!
Parabéns, por tão eloquente leitura.
Bjsssss
Amigo e poeta, Docarmo,
ResponderEliminarTambém eu tenho grandes pelejas, com o meu espelho, vidro obtuso que não nos mede devidamente... assim como acho, depois de te ler, que essa maquinazinha fotográfica estaria de certeza avariada.
Espero pela tua visita a meu cantinho de poesia, lendo meus últimos poemas, caro amigo Docarmo. Obrigado, desde já!
Abraços meus
Jorge Humberto
Amigo eu comprava outro espelho,
ResponderEliminarentão não é que já me aconteceu o mesmo?!
Os nossos espelhos são tão maldosos que nos fazem estas partidas,
nós nem nos reconhecemos neles, que tragédia...
ABRAÇO
Isabella
É isso mesmo Meu Anjo, "Que se lixe a fotografia" ora essa! (estou a fazer uma tremenda força para não deitar a rir-me)
ResponderEliminarJá sabes que adoro-te esses momentos de fúria, todo enervado e o mais encantador e comovente é tal qual um tsunami teus ímpetos surgem, fazem toda a trama do rebuliço e parte, ao final, a calmaria, a bonança de toda uma vida dedicada no cultivo da paciência, da prudência, da tolerância e da flexibilidade para consigo mesmo e para com os semelhantes.
E essa é a sorte do Sr. Espelho, amigo sincero, sempre pronta a dar aquelas sacudidelas para nos trazer de volta do mundo da fantasia dos modismos, afinal já reparastes na idade do Sr. Espelho?
Ele tem a idade do tempo sem nenhuma numeração, à fatalidade nossa é que temos a triste mania de contabilizações, de viver com números a bailarem na cabeça, pois não é?
Pensas bem se não é isso?
Ainda bem que fizestes as pazes com este Senhor do outro lado lá no espelho, porque ele é muito merecido da tua amizade, pela dedicação d’uma toda vida a Ti por tudo e em tudo, nunca largou-te no abandono, sempre velou-te as melancolias, e regozijou-se com teus feitos, mesmo que alguns pudessem parecer tolices aos olhos do mundo.
Eu tenho cá um espelho muito parecido com esse teu, e cá eu tenho meus repentes também de apetecer jogar-lhes algum tacho ou coisa que o valha, mas sempre na eminência de dar cabo da intenção, ele devolve-me o olhar dolorido e magoado, sem nada dizer e perco a coragem, perco o prumo do premeditado acto já jogado no mar do esquecimento.
E tem mais um detalhe vital, Amor, ele o Sr, Espelho é o único que ainda lembra-se a pé de si, dos teus segredos infantis, que assim como tu, tem ele, também saudades e suspira de vez em quando pelos cantos do coração, um amigo assim não deita-se sequer um safanão, veja lá ao lixo não é verdade?
Logicamente que acidentes acontece, é bem verdade, mas olha que todo espelho de brio tem lá suas vidas em poupança, é partindo-lhes os cacos e logo ele retorna mais novo do que nunca e mais fiel ainda.
Agora fizestes muito bem em lixar a malfadada fotografia que não fez-te a devida justiça, afinal onde já viu-se um homem que sonha e canta feito o poeta: ”que o sonho comanda a vida e sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança”Não sair belo por dentro e por fora d’uma fotografia?
Realmente era mesmo uma parva fotografia essa que perdeu a gloriosa oportunidade de ser intitulada: Essa é A Fotografia, e a aclamação de todos que a olhassem caso ela tivesse sido honesta consigo, iam ver um olhar cheio de vida, um sorriso corajoso e bem disposto, uma pele macia tal qual pele de bebés, veriam altivez,elegância natural, veriam uma inteligência aguçada que somente o ganho dos anos poderiam aferir.
Pois bem, que lixe-se a parva da fotografia, que não fez-te justiça!
E ora viva ao Sr. Espelho, amigo e arrimo de família de toda uma vida bem vivida.
Como sempre ler-te é um aprender partilhado, é entrar aqui d’um jeito e sair doutro bem mais rica, bem mais aprumada e com a latente surpresa de que afinal a feiúra só existe para quem é cego perante o belo.
Beijo-te, que sejam bem aventurados os teus dias, para continuares a brindar-nos com teu saber, tua alegria de viver, teu amor pelo além do aparente e principalmente pela paixão pelo que é justo e correcto.
ILY
Caro amigo Hélder.
ResponderEliminarPor vezes os espelhos normais, como disse numa das minhas postagens não mentem, só que nós continuamos a gostar dos espelhos pelaa funções que desempenham, mas os espelhos muitas vezes têm fim comerciais , que o diga uma casa de espelhos que nos anos sessenta existia no Jardim Zoológico que era visita obrigatória incluida já no preço de acesso em que as pessoas procuravam os espelhoa anormais, para se divertirem com aquelas carantonas gordas ou magrinhas que as deliciavam e faziam sorrir. Por me ter lembrado dessa época, numa visita que fiz à linda cidade de Praga na Republica Checa, também lá encontrei no Monte Pétrini numa gruta com uma galeria de espelhos semelhantes. Temos de ter forças para continuar a viver com que temos e somos e deixarmos de nos preocupar com o que nos faz falta para continuramos a ser felizes, mas aceito a revolta (risos) Parabéns pelo texto ´Um abraço do Simões